Os ídolos tricolores pelas lentes
de um torcedor apaixonado

Foto: Marcos Benjamin / Fluminense F.C
Da Redação do EsporteAgito
*Com informações do site oficial do Fluminense F.C.
Uma câmera na mão e uma grande paixão no coração. Assim, o tricolor Valterson Botelho vem levando a vida há dois anos, dedicado a um projeto que nada tem de comercial e tudo a ver com o “amadorismo” na mais pura e legítima acepção do termo. Jornalista, publicitário, relações públicas, delegado de polícia aposentado e empresário, Valterson corre hoje o Brasil e o mundo buscando resgatar a história dos grandes ídolos do Fluminense em filmetes de dez minutos.
“A primeira partida que assisti do Flu foi a decisão do Carioca de 64. Deu Fluminense 3 x 1 Bangu. Minhas referências da época de moleque eram Denílson, Gilson Nunes e Amoroso. Depois passei a admirar o artilheiro Waldo. Gosto da história e é pela preservação da memória do Flu que faço esse trabalho de filmar”, explica o cineasta em entrevista concedida ao site oficial do clube, publicada em agosto deste ano.
Aos 63 anos, já com os filhos (igualmente portadores do DNA verde-vermelho-branco) no comando dos negócios da família, esse tricolor de corpo e alma pode se dar ao luxo de realizar um importante trabalho histórico de preservação de memória do nosso futebol, simplesmente por prazer. Foi uma forma produtiva e, ao mesmo tempo divertida, que encontrou para expressar a imensa devoção pelo Fluminense, clube do qual é sócio e ex-conselheiro.
Desde que começou o trabalho, já foram editados e publicados 30 vídeos que seguem o mesmo padrão de estrutura narrativa: uma introdução com o resumo da trajetória profissional do craque seguida de uma mini-entrevista, na qual o ídolo responde a cinco perguntas (que também, propositalmente, são sempre as mesmas) sobre as conquistas, a vida como jogador e a atual situação de vida de cada um.
Todo o acervo está disponível no site Ídolos Tricolores (www.idolostricolores.com.br), aberto a visitações. “Não temos patrocínio (e não queremos) e nenhum objetivo comercial. Essas produções são frutos de puro fanatismo e amor ao Fluminense. Assim, como nossa pretensão é divulgar as imagens dos craques tricolores, o conteúdo deste site está à disposição de todos para reprodução, bastando citar a fonte, por questão de ética”, afirma o jornalista.
O objetivo, segundo ele, é chegar a 50 registros e ao final doar tudo ao Fluminense. “Mesmo sem patrocínio, que reafirmo, não procurei, montei com recursos próprios um estúdio com equipamentos de última geração. Pretendo fazer as próximas entrevistas lá. Montei tudo no capricho para que os torcedores tricolores possam se orgulhar ainda mais de torcer pelo Fluminense”.
Pinheiro e Ézio
A vontade de realizar um sonho de muitos anos levou Valterson ao México atrás de Didi (o Ouro Branco de 1970) e duas vezes à Espanha, onde gravou com Pintinho e Valdo. “A ideia de fazer o site surgiu quando viajei para visitar a minha irmã na Dinamarca, professora e instrutora no OB Odense, clube dinamarquês. Vi aquela estrutura e o jeito que o clube tratava os ídolos. Também visitei os museus do Real Madrid, Barcelona e o do Santos. Então resolvi contar a história dos ídolos do Fluminense. Como eles marcaram história no clube e como vivem atualmente”, conta ele na entrevista ao site do Fluminense.
Entre os ídolos já cinebiografados pelo cineasta tricolor estão Flavio Minuano, Escurinho, Samarone, Félix, Paulo Victor, Mickey, Pintinho, Assis, Pinheiro, Rubens Galaxe, Denilson (Rei Zulu), Altair, Manfrini, Aldo, Romerito, Galhardo, Edinho e Marco Antonio.
Pinheiro, falecido em agosto, deu provavelmente a última entrevista de sua vida para as lentes e o microfone de Valterson. “Comecei este ano de 2011 preocupado em gravar o curta do Pinheiro. Foi difícil acontecer o encontro. Procurei por ele, via telefone, dezenas de vezes e nada consegui. Então fiz plantão na porta da casa dele, na qual não estava. O porteiro do prédio me disse que ele estava no Tijuca Tênis Clube. Fui para lá, numa tarde de sábado ensolarada, em abril passado. Primeiro fui barrado com o cinegrafista na portaria do clube, mas tive a sorte de encontrar um ex-jogador do Fluminense dos anos 70, o Salvador, que é hoje funcionário do Tijuca T.C. e juntos localizamos o Pinheiro, sozinho, sentado numa cadeira perto de uma das piscinas daquele grande clube social. Daí ele não conseguiu se esquivar de dar a sua entrevista”, lembra.
Já com o ex-atacante Ézio, o Super Ézio, nono maior artilheiro tricolor, o destino frustrou o registro para a posteridade. “Desde o início do ano pedi, insistentemente, ao meu filho para fazer um contato pessoal com Ézio, já que ambos trabalhavam no mesmo edifício na Barra da Tijuca. Meu filho sempre me dizia que ele não tinha ido trabalhar; que não conseguiu o número dele, etc. etc. Na segunda quinzena de agosto consegui o celular do craque e liguei. Para surpresa minha foi o próprio que atendeu. Sua voz já não era de um goleador, mas de um doente. Falei para ele que estava fazendo uma mini- biografia, em vídeo, dos grandes ídolos tricolores para eternizá-los. Dei para ele o nome do meu site e ele disse que já conhecia e que gostava das entrevistas. Disse a ele que eu precisava fazer cinco perguntas, as mesmas que fizera a todos os ídolos já entrevistados. Ele me explicou que iria me atender, mas que aguardasse ele melhorar de saúde para ser filmado. Ainda insisti, já que ficara sabendo na véspera, pela fonte que me fornecera o telefone, de que o caso dele era um câncer terminal. Falei que daria um close apenas no rosto e que teria todo o tempo que precisasse para responder as cinco perguntas. Expliquei para ele a sua importância como o nono artilheiro da história tricolor, com 118 gols em 236 jogos. Combinamos, então, que aguardaria a ligação dele. Ézio não me ligou. Mas hoje soube que o câncer o venceu”, escreveu Valterson em sua página do Facebook, no dia 10 de novembro. O ex-artilheiro tricolor morrera na véspera, aos 45 anos de idade, vítima de um devastador câncer no pâncreas.
Longa sobre Valdo
Além de já estar escalando a nova leva de craques a serem biografados em seus filmetes, incluindo o eterno ídolo da torcida tricolor Ricardo Gomes, hoje técnico licenciado do Vasco devido ao AVC sofrido recentemente, Valterson tem se dedicado a uma nova e mais ousada empreitada: finalizar um documentário de longa metragem sobre a vida de Valdo, o maior artilheiro tricolor de todos os tempos e o grande ídolo do cineasta.
“Em 2010, quando estive em Valência, na Espanha, onde Valdo vive há mais de 50 anos, realizei mais de cinco horas de filmagem. Agora estamos editando todo esse material e espero estar com o filme pronto já no início do ano que vem. Os tricolores irão se emocionar com a história de vida de seu maior artilheiro”, garante o tricolor de coração Valterson Botelho.
Veja, abaixo, a entrevista em vídeo publicada no site oficial do Fluminense
*Com informações do site oficial do Fluminense F.C.
Uma câmera na mão e uma grande paixão no coração. Assim, o tricolor Valterson Botelho vem levando a vida há dois anos, dedicado a um projeto que nada tem de comercial e tudo a ver com o “amadorismo” na mais pura e legítima acepção do termo. Jornalista, publicitário, relações públicas, delegado de polícia aposentado e empresário, Valterson corre hoje o Brasil e o mundo buscando resgatar a história dos grandes ídolos do Fluminense em filmetes de dez minutos.
“A primeira partida que assisti do Flu foi a decisão do Carioca de 64. Deu Fluminense 3 x 1 Bangu. Minhas referências da época de moleque eram Denílson, Gilson Nunes e Amoroso. Depois passei a admirar o artilheiro Waldo. Gosto da história e é pela preservação da memória do Flu que faço esse trabalho de filmar”, explica o cineasta em entrevista concedida ao site oficial do clube, publicada em agosto deste ano.
Aos 63 anos, já com os filhos (igualmente portadores do DNA verde-vermelho-branco) no comando dos negócios da família, esse tricolor de corpo e alma pode se dar ao luxo de realizar um importante trabalho histórico de preservação de memória do nosso futebol, simplesmente por prazer. Foi uma forma produtiva e, ao mesmo tempo divertida, que encontrou para expressar a imensa devoção pelo Fluminense, clube do qual é sócio e ex-conselheiro.
Desde que começou o trabalho, já foram editados e publicados 30 vídeos que seguem o mesmo padrão de estrutura narrativa: uma introdução com o resumo da trajetória profissional do craque seguida de uma mini-entrevista, na qual o ídolo responde a cinco perguntas (que também, propositalmente, são sempre as mesmas) sobre as conquistas, a vida como jogador e a atual situação de vida de cada um.
Todo o acervo está disponível no site Ídolos Tricolores (www.idolostricolores.com.br), aberto a visitações. “Não temos patrocínio (e não queremos) e nenhum objetivo comercial. Essas produções são frutos de puro fanatismo e amor ao Fluminense. Assim, como nossa pretensão é divulgar as imagens dos craques tricolores, o conteúdo deste site está à disposição de todos para reprodução, bastando citar a fonte, por questão de ética”, afirma o jornalista.
O objetivo, segundo ele, é chegar a 50 registros e ao final doar tudo ao Fluminense. “Mesmo sem patrocínio, que reafirmo, não procurei, montei com recursos próprios um estúdio com equipamentos de última geração. Pretendo fazer as próximas entrevistas lá. Montei tudo no capricho para que os torcedores tricolores possam se orgulhar ainda mais de torcer pelo Fluminense”.
Pinheiro e Ézio
A vontade de realizar um sonho de muitos anos levou Valterson ao México atrás de Didi (o Ouro Branco de 1970) e duas vezes à Espanha, onde gravou com Pintinho e Valdo. “A ideia de fazer o site surgiu quando viajei para visitar a minha irmã na Dinamarca, professora e instrutora no OB Odense, clube dinamarquês. Vi aquela estrutura e o jeito que o clube tratava os ídolos. Também visitei os museus do Real Madrid, Barcelona e o do Santos. Então resolvi contar a história dos ídolos do Fluminense. Como eles marcaram história no clube e como vivem atualmente”, conta ele na entrevista ao site do Fluminense.
Entre os ídolos já cinebiografados pelo cineasta tricolor estão Flavio Minuano, Escurinho, Samarone, Félix, Paulo Victor, Mickey, Pintinho, Assis, Pinheiro, Rubens Galaxe, Denilson (Rei Zulu), Altair, Manfrini, Aldo, Romerito, Galhardo, Edinho e Marco Antonio.
Pinheiro, falecido em agosto, deu provavelmente a última entrevista de sua vida para as lentes e o microfone de Valterson. “Comecei este ano de 2011 preocupado em gravar o curta do Pinheiro. Foi difícil acontecer o encontro. Procurei por ele, via telefone, dezenas de vezes e nada consegui. Então fiz plantão na porta da casa dele, na qual não estava. O porteiro do prédio me disse que ele estava no Tijuca Tênis Clube. Fui para lá, numa tarde de sábado ensolarada, em abril passado. Primeiro fui barrado com o cinegrafista na portaria do clube, mas tive a sorte de encontrar um ex-jogador do Fluminense dos anos 70, o Salvador, que é hoje funcionário do Tijuca T.C. e juntos localizamos o Pinheiro, sozinho, sentado numa cadeira perto de uma das piscinas daquele grande clube social. Daí ele não conseguiu se esquivar de dar a sua entrevista”, lembra.
Já com o ex-atacante Ézio, o Super Ézio, nono maior artilheiro tricolor, o destino frustrou o registro para a posteridade. “Desde o início do ano pedi, insistentemente, ao meu filho para fazer um contato pessoal com Ézio, já que ambos trabalhavam no mesmo edifício na Barra da Tijuca. Meu filho sempre me dizia que ele não tinha ido trabalhar; que não conseguiu o número dele, etc. etc. Na segunda quinzena de agosto consegui o celular do craque e liguei. Para surpresa minha foi o próprio que atendeu. Sua voz já não era de um goleador, mas de um doente. Falei para ele que estava fazendo uma mini- biografia, em vídeo, dos grandes ídolos tricolores para eternizá-los. Dei para ele o nome do meu site e ele disse que já conhecia e que gostava das entrevistas. Disse a ele que eu precisava fazer cinco perguntas, as mesmas que fizera a todos os ídolos já entrevistados. Ele me explicou que iria me atender, mas que aguardasse ele melhorar de saúde para ser filmado. Ainda insisti, já que ficara sabendo na véspera, pela fonte que me fornecera o telefone, de que o caso dele era um câncer terminal. Falei que daria um close apenas no rosto e que teria todo o tempo que precisasse para responder as cinco perguntas. Expliquei para ele a sua importância como o nono artilheiro da história tricolor, com 118 gols em 236 jogos. Combinamos, então, que aguardaria a ligação dele. Ézio não me ligou. Mas hoje soube que o câncer o venceu”, escreveu Valterson em sua página do Facebook, no dia 10 de novembro. O ex-artilheiro tricolor morrera na véspera, aos 45 anos de idade, vítima de um devastador câncer no pâncreas.
Longa sobre Valdo
Além de já estar escalando a nova leva de craques a serem biografados em seus filmetes, incluindo o eterno ídolo da torcida tricolor Ricardo Gomes, hoje técnico licenciado do Vasco devido ao AVC sofrido recentemente, Valterson tem se dedicado a uma nova e mais ousada empreitada: finalizar um documentário de longa metragem sobre a vida de Valdo, o maior artilheiro tricolor de todos os tempos e o grande ídolo do cineasta.
“Em 2010, quando estive em Valência, na Espanha, onde Valdo vive há mais de 50 anos, realizei mais de cinco horas de filmagem. Agora estamos editando todo esse material e espero estar com o filme pronto já no início do ano que vem. Os tricolores irão se emocionar com a história de vida de seu maior artilheiro”, garante o tricolor de coração Valterson Botelho.
Veja, abaixo, a entrevista em vídeo publicada no site oficial do Fluminense