EXCLUSIVO
JOSÉ AUGUSTO QUINTAS DO NASCIMENTO / Presidente do São Cristóvão FR
'Faltou competência para evitar o rebaixamento'

Campanha pífia dos cadetes resultou no rebaixamento inédito
Em entrevista exclusiva ao ESPORTEAGITO, o presidente do São Cristóvão FR reconhece que faltou ‘conhecimento por parte dos responsáveis pelo futebol' para gerir a verba de patrocínio, mas garante que o futebol cadete não vai acabar com a queda para a terceirona
Da Redação do EsporteAgito
Fora dos holofotes da grande mídia desde que deixou de frequentar a elite do futebol carioca, em 1995, o São Cristóvão de Futebol e Regatas voltou a ganhar este ano destaque nos veículos de comunicação, porém por dois episódios que trouxeram à tona toda a real e triste dimensão da penúria em que vive um dos mais tradicionais clubes brasileiros, que revelou ao mundo o talento do “Fenômeno” Ronaldo.
Depois de anunciar, no final de 2011, uma parceria milionária para o futebol com a empresa de planos de saúde Assim, que segundo esperava-se, representaria a redenção do clube cadete rumo ao sonho da volta à Primeira Divisão estadual, o São Cristóvão amargou no primeiro semestre de 2012 o mais terrível inferno astral da sua história.
No campo, com uma campanha sofrível, acabou rebaixado pela primeira vez na sua centenária existência para a Terceira Divisão. E não bastasse isso, ainda esteve ameaçado de perder o folclórico estádio da Rua Figueira de Melo (o Figueirinha) para a especulação imobiliária, manobra em boa hora barrada pelos conselheiros do clube.
Diante da descrença de muitos, que temem até mesmo a falência do futebol cadete, a reportagem do ESPORTEAGITO procurou insistentemente contato durante mais de um mês com o atual presidente do São Cristóvão, José Augusto Quintas do Nascimento, que mesmo alegando estar muito ocupado concordou finalmente em responder, por e-mail, a algumas perguntas formuladas pelo nosso veículo.
Ainda que através de respostas curtas, sem tocar fundo nas questões mais delicadas, Nascimento – que assumiu a direção do clube em 3 de janeiro deste ano, com mandato até janeiro de 2014 – admitiu falhas no planejamento do futebol e o uso inadequado dos recursos do patrocinador para a formação de um elenco capaz de brigar pelas primeiras posições na tabela.
“Realmente, faltou conhecimento por parte dos responsáveis pelo futebol”, reconhece Nascimento, afirmando que toda a verba do patrocínio da Assim foi integralmente aplicada no departamento de futebol, conforme contrato assinado na gestão de seu antecessor Alfredo Maciel Filho. Ele nega, contudo, que o valor da cota mensal ficasse em torno de R$ 70 mil, como foi divulgado pela imprensa: “Na verdade não recebemos R$ 70 mil por mês, e sim, R$ 58.333,34. E todo esse montante foi entregue nas mãos dos responsáveis pelo futebol, conforme determinou o presidente anterior”, esclarece Nascimento, sem explicar, no entanto, como foi aplicado todo esse dinheiro.
Único clube entre os considerados “pequenos” da capital a ostentar um título de campeão estadual da Primeira Divisão, em 1926, o São Cristóvão, ao longo da sua história, ainda conquistou colocações importantes como o vice-campeonato de 1934, sendo também por oito vezes terceiro colocado (a última vez em 1943). Além de Ronaldo, revelou jogadores como Rodrigo Souto (ex-Vasco e Santos) e Válber (ex-Fluminense, Botafogo, América, entre outros). Teve, ainda, cinco jogadores convocados para Copas do Mundo: Zé Luiz, Doca e Theóphilo (1930) e Roberto Cunha e Afonsinho (1938), além do técnico Ademar Pimenta nessa mesma Copa.
Na fatídica campanha da Série B de 2012, o time cadete disputou 30 jogos nos quais venceu apenas oito, empatou cinco e sofreu 17 derrotas. Terminou a primeira fase (classificatória) em antepenúltimo do seu grupo e, no chamado “Grupo da Morte” acabou em penúltimo lugar, à frente apenas do Carapebus, que foi excluído do campeonato pela federação.
O escritor e pesquisador Raimundo Quadros, conselheiro do clube e autor de livros que contam a história do São Cristóvão, é um dos mais pessimistas e enxerga no rebaixamento para a terceirona o “princípio do fim”, a não ser que apareça alguém e arrende o futebol cadete. “Nos últimos cinco anos, em quatro disputamos do Grupo da Morte. Uma hora isso ia acontecer. O clube não vai conseguir se segurar com as próprias pernas, a não ser que venha alguém para investir forte ou arrendar o futebol”, declarou Quadros ao jornal esportivo Lance!, logo após a queda do time para a Série C.
Embora tenha escrito o capítulo mais obscuro de sua trajetória, o futebol do São Cristóvão ainda não está com os dias contados, na opinião do presidente José Augusto Nascimento. “Sentimos muito esse rebaixamento, mas isso não agravará a situação financeira do clube mais do que já está. Tenho certeza que com a ajuda dos associados e conselheiros vamos voltar à Segunda Divisão no ano que vem e, quem sabe, posteriormente à Primeira Divisão”, afirma, tentando manter acesa a chama de esperança em dias melhores para o clube.
Da Redação do EsporteAgito
Fora dos holofotes da grande mídia desde que deixou de frequentar a elite do futebol carioca, em 1995, o São Cristóvão de Futebol e Regatas voltou a ganhar este ano destaque nos veículos de comunicação, porém por dois episódios que trouxeram à tona toda a real e triste dimensão da penúria em que vive um dos mais tradicionais clubes brasileiros, que revelou ao mundo o talento do “Fenômeno” Ronaldo.
Depois de anunciar, no final de 2011, uma parceria milionária para o futebol com a empresa de planos de saúde Assim, que segundo esperava-se, representaria a redenção do clube cadete rumo ao sonho da volta à Primeira Divisão estadual, o São Cristóvão amargou no primeiro semestre de 2012 o mais terrível inferno astral da sua história.
No campo, com uma campanha sofrível, acabou rebaixado pela primeira vez na sua centenária existência para a Terceira Divisão. E não bastasse isso, ainda esteve ameaçado de perder o folclórico estádio da Rua Figueira de Melo (o Figueirinha) para a especulação imobiliária, manobra em boa hora barrada pelos conselheiros do clube.
Diante da descrença de muitos, que temem até mesmo a falência do futebol cadete, a reportagem do ESPORTEAGITO procurou insistentemente contato durante mais de um mês com o atual presidente do São Cristóvão, José Augusto Quintas do Nascimento, que mesmo alegando estar muito ocupado concordou finalmente em responder, por e-mail, a algumas perguntas formuladas pelo nosso veículo.
Ainda que através de respostas curtas, sem tocar fundo nas questões mais delicadas, Nascimento – que assumiu a direção do clube em 3 de janeiro deste ano, com mandato até janeiro de 2014 – admitiu falhas no planejamento do futebol e o uso inadequado dos recursos do patrocinador para a formação de um elenco capaz de brigar pelas primeiras posições na tabela.
“Realmente, faltou conhecimento por parte dos responsáveis pelo futebol”, reconhece Nascimento, afirmando que toda a verba do patrocínio da Assim foi integralmente aplicada no departamento de futebol, conforme contrato assinado na gestão de seu antecessor Alfredo Maciel Filho. Ele nega, contudo, que o valor da cota mensal ficasse em torno de R$ 70 mil, como foi divulgado pela imprensa: “Na verdade não recebemos R$ 70 mil por mês, e sim, R$ 58.333,34. E todo esse montante foi entregue nas mãos dos responsáveis pelo futebol, conforme determinou o presidente anterior”, esclarece Nascimento, sem explicar, no entanto, como foi aplicado todo esse dinheiro.
Único clube entre os considerados “pequenos” da capital a ostentar um título de campeão estadual da Primeira Divisão, em 1926, o São Cristóvão, ao longo da sua história, ainda conquistou colocações importantes como o vice-campeonato de 1934, sendo também por oito vezes terceiro colocado (a última vez em 1943). Além de Ronaldo, revelou jogadores como Rodrigo Souto (ex-Vasco e Santos) e Válber (ex-Fluminense, Botafogo, América, entre outros). Teve, ainda, cinco jogadores convocados para Copas do Mundo: Zé Luiz, Doca e Theóphilo (1930) e Roberto Cunha e Afonsinho (1938), além do técnico Ademar Pimenta nessa mesma Copa.
Na fatídica campanha da Série B de 2012, o time cadete disputou 30 jogos nos quais venceu apenas oito, empatou cinco e sofreu 17 derrotas. Terminou a primeira fase (classificatória) em antepenúltimo do seu grupo e, no chamado “Grupo da Morte” acabou em penúltimo lugar, à frente apenas do Carapebus, que foi excluído do campeonato pela federação.
O escritor e pesquisador Raimundo Quadros, conselheiro do clube e autor de livros que contam a história do São Cristóvão, é um dos mais pessimistas e enxerga no rebaixamento para a terceirona o “princípio do fim”, a não ser que apareça alguém e arrende o futebol cadete. “Nos últimos cinco anos, em quatro disputamos do Grupo da Morte. Uma hora isso ia acontecer. O clube não vai conseguir se segurar com as próprias pernas, a não ser que venha alguém para investir forte ou arrendar o futebol”, declarou Quadros ao jornal esportivo Lance!, logo após a queda do time para a Série C.
Embora tenha escrito o capítulo mais obscuro de sua trajetória, o futebol do São Cristóvão ainda não está com os dias contados, na opinião do presidente José Augusto Nascimento. “Sentimos muito esse rebaixamento, mas isso não agravará a situação financeira do clube mais do que já está. Tenho certeza que com a ajuda dos associados e conselheiros vamos voltar à Segunda Divisão no ano que vem e, quem sabe, posteriormente à Primeira Divisão”, afirma, tentando manter acesa a chama de esperança em dias melhores para o clube.
‘Nunca poria o clube à venda’

Quando o assunto é a tentativa, felizmente fracassada, da venda da sede e do estádio de Figueira de Melo para uma construtora, Nascimento é categórico: “O clube em momento algum foi posto à venda. Já foi dito, inclusive em reunião do Conselho, que eu nunca venderia uma coisa que não fosse minha”.
O fato, porém, é que essa malsinada transação foi definitivamente encerrada em março último, quando o Conselho Deliberativo do clube, por ampla maioria, decidiu vetar a venda da sede para a Construtora Even. Dos 17 conselheiros presentes (o Conselho tem 63 membros), 15 votaram contra a proposta da empresa, que segundo publicou o site Lancenet! teria oferecido R$ 18 milhões pelo terreno, dos quais R$ 16,5 milhões seriam destinados à construção de um novo estádio para o São Cristóvão na Sede Náutica do clube, na Cidade Universitária (Ilha do Governador).
Além do aspecto histórico e afetivo, os conselheiros consideraram ainda, para vetar a negociação do velho estádio, ser a proposta financeira muito aquém do real valor de mercado do terreno, que estaria em torno de R$ 45 milhões.
O fato, porém, é que essa malsinada transação foi definitivamente encerrada em março último, quando o Conselho Deliberativo do clube, por ampla maioria, decidiu vetar a venda da sede para a Construtora Even. Dos 17 conselheiros presentes (o Conselho tem 63 membros), 15 votaram contra a proposta da empresa, que segundo publicou o site Lancenet! teria oferecido R$ 18 milhões pelo terreno, dos quais R$ 16,5 milhões seriam destinados à construção de um novo estádio para o São Cristóvão na Sede Náutica do clube, na Cidade Universitária (Ilha do Governador).
Além do aspecto histórico e afetivo, os conselheiros consideraram ainda, para vetar a negociação do velho estádio, ser a proposta financeira muito aquém do real valor de mercado do terreno, que estaria em torno de R$ 45 milhões.
Difícil desafio
Mesmo concordando que a situação financeira do São Cristóvão é muito difícil, o presidente Nascimento não vê muita diferença em comparação com a de todos os outros clubes considerados “pequenos”, exceto, é claro, os que pertencem a empresários e os que contam com apoio de prefeituras municipais.
Questionado pelo ESPORTEAGITO se cobrou alguma vez do prefeito Eduardo Paes o compromisso que assumiu com os clubes de menor investimento, quando em campanha do primeiro mandato, em reunião que aconteceu na própria sede de Figueira de Melo, em junho de 2008, o presidente do São Cristóvão mostrou-se surpreso. Naquela ocasião, quando ainda era apontado como quarto ou quinto colocado nas pesquisas de opinião para a prefeitura do Rio, Eduardo Paes, reunido com representantes de vários clubes das séries B e C da capital, e na presença do presidente da Federação, Rubens Lopes, assinou uma carta-compromisso que previa, inclusive, a injeção de recursos para reformar as instalações desportivas dos clubes e a revitalização do campeonato da Segunda Divisão, em convênio com a Ferj.
“A prefeitura não fez nada até agora e a diretoria anterior, que eu saiba, não procurou o prefeito para cobrá-lo, como eu também não fiz até o momento, pois não sabia desse compromisso do prefeito Eduardo Paes com os clubes pequenos”.
Tendo pela frente o difícil desafio de recuperar as finanças e o futebol do clube, Nascimento foi extremamente vago ao responder sobre seus planos, insistindo que confia na “ajuda” de conselheiros e associados. Sobre o Fenômeno Ronaldo, cria da casa, e atualmente um bem-sucedido profissional de marketing e membro do Comitê Local da Copa do Mundo de 2014, ele admite até procurar para algum tipo de ajuda. “O Ronaldo já nos ajudou em gestões passadas. Pretendo ainda procurá-lo para pedir que nos auxilie em alguma ação de marketing esportivo”, conclui o presidente.
Com o fim do campeonato da Série B, que determinou o rebaixamento do São Cristóvão, o futebol profissional do clube não tem mais competições até o final do ano, já que ficou fora também da Copa Rio. Sem nenhuma atividade também em outras modalidades esportivas, restou ao clube movimentar apenas as divisões de base do futebol.
A esperança é que os novos dirigentes e todos aqueles que amam o São Cristóvão e o que o clube representa para a história do futebol carioca, se mobilizem para que 2013 não seja mais “um ano igual àquele que passou”.
Questionado pelo ESPORTEAGITO se cobrou alguma vez do prefeito Eduardo Paes o compromisso que assumiu com os clubes de menor investimento, quando em campanha do primeiro mandato, em reunião que aconteceu na própria sede de Figueira de Melo, em junho de 2008, o presidente do São Cristóvão mostrou-se surpreso. Naquela ocasião, quando ainda era apontado como quarto ou quinto colocado nas pesquisas de opinião para a prefeitura do Rio, Eduardo Paes, reunido com representantes de vários clubes das séries B e C da capital, e na presença do presidente da Federação, Rubens Lopes, assinou uma carta-compromisso que previa, inclusive, a injeção de recursos para reformar as instalações desportivas dos clubes e a revitalização do campeonato da Segunda Divisão, em convênio com a Ferj.
“A prefeitura não fez nada até agora e a diretoria anterior, que eu saiba, não procurou o prefeito para cobrá-lo, como eu também não fiz até o momento, pois não sabia desse compromisso do prefeito Eduardo Paes com os clubes pequenos”.
Tendo pela frente o difícil desafio de recuperar as finanças e o futebol do clube, Nascimento foi extremamente vago ao responder sobre seus planos, insistindo que confia na “ajuda” de conselheiros e associados. Sobre o Fenômeno Ronaldo, cria da casa, e atualmente um bem-sucedido profissional de marketing e membro do Comitê Local da Copa do Mundo de 2014, ele admite até procurar para algum tipo de ajuda. “O Ronaldo já nos ajudou em gestões passadas. Pretendo ainda procurá-lo para pedir que nos auxilie em alguma ação de marketing esportivo”, conclui o presidente.
Com o fim do campeonato da Série B, que determinou o rebaixamento do São Cristóvão, o futebol profissional do clube não tem mais competições até o final do ano, já que ficou fora também da Copa Rio. Sem nenhuma atividade também em outras modalidades esportivas, restou ao clube movimentar apenas as divisões de base do futebol.
A esperança é que os novos dirigentes e todos aqueles que amam o São Cristóvão e o que o clube representa para a história do futebol carioca, se mobilizem para que 2013 não seja mais “um ano igual àquele que passou”.