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Um porto seguro para os sobreviventes da bola
Comandado há duas décadas pelo ex-jogador e técnico Alfredo Sampaio, Saferj oferece a melhor estrutura assistencial entre os sindicatos da categoria no mundo

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Sampaio: atleta profissional tem muitas carências

Da Redação do EsporteAgito

Ficar milionário e famoso aos 18 ou 19 anos de idade, viver sob os holofotes de mídia e ter o mundo, literalmente, a seus pés. Esse é o sonho que povoa a cabeça de milhões de pais e filhos do país do futebol: ser um Neymar, um Ronaldinho Gaúcho ou um Fenômeno. Quem sabe, um Garrincha moderno ou até mesmo um Pelé!
  Nesse terreno fértil das ilusões, o que não falta é candidato a craque. As “peneiras” dos grandes clubes são encaradas como verdadeiros “vestibulares” para uma vida de glamour e passaporte para uma vida nova, onde a miséria, a violência, o descaso e a falta de oportunidade façam parte de um passado distante.
  A dura realidade, porém, mostra que o mundo não é – nem nunca foi – uma bola de futebol. A grande maioria dos que tentam a vida no esporte tem seus sonhos desfeitos nas próprias “peneiras”. Dos poucos que conseguem atravessá-las, uma pequena parte sobrevive à trajetória sofrida das divisões de base, onde tudo é amador, desde a precária estrutura (inclusive nos maiores clubes) até as competições, que no Brasil são muito pouco valorizadas.
  Da minoria que, enfim, alcança o status de profissional do futebol, somente um reduzido grupo de privilegiados conquista uma boa condição de vida e, os talentos raros, o estrelato. Os demais viram “ciganos” do futebol, ora no papel de peça de composição de elenco, ora jogando em times de menor expressão e, quase sempre, peregrinando de clube em clube em busca de uma condição melhor – ou a possível – no momento.
  “A carreira do profissional de futebol é linda e emocionante, mas é também muito perigosa, devido às suas armadilhas e seus descaminhos”, afirma ao EsporteAgito o presidente do Sindicato dos Atletas de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Saferj) Alfredo Sampaio, que vê na falta de estrutura dos clubes e no calendário nacional as maiores dificuldades enfrentadas pelo jogador que atua em times pequenos e médios. “O campeonato estadual é muito curto, não permitindo ao jogador fazer contratos de maior duração”, explica Sampaio, demonstrando não concordar com os defensores do fim dos campeonatos regionais (ou seu enxugamento), pois isto viria a complicar ainda mais a situação já precária dos atletas dos clubes de menor investimento.
  Ex-atleta de times como São Cristóvão, Bonsucesso, Olaria, Motoclube-MA, Guaratinguetá-SP, entre outros, e treinador reconhecido principalmente por trabalhos de sucesso em clubes de menor porte como Madureira, Portuguesa, Cabofriense e Boavista, Alfredo Sampaio viveu toda essa experiência. Por isso, desde 1990, quando assumiu a presidência do Saferj, vem dedicando boa parte do seu tempo ao que considera ser a grande missão da sua vida: dar um mínimo de dignidade ao jogador de futebol profissional em nosso estado.
  “O jogador em atividade, principalmente dos clubes pequenos, sente a falta de estrutura até mesmo para se recuperar de lesões ou para resolver problemas jurídicos em seus contratos. E quando para de jogar, em muitos casos, tem dificuldade de se adaptar a uma nova vida sem o futebol e para se recolocar no mercado de trabalho. Muitos não estudaram e fica difícil arranjar emprego por não possuírem qualificação profissional”.

‘Consciência de classe tem que ser estimulada na base’
  Decidido a mudar, pelo menos em parte, essa triste realidade, Sampaio comandou um verdadeiro mutirão, convocando até mesmo a participação dos jogadores mais bem sucedidos para a realização de um antigo projeto, que se tornou realidade em 10 de março de 2009, com a inauguração da Casa do Atleta, um verdadeiro complexo de assistência ao jogador distribuído por 1.240m² de área construída, em dois prédios de quatro andares, localizado bem no coração do bairro da Tijuca, na Zona Norte do Rio.
  “A sede do Saferj é hoje a mais completa em termos de assistência aos seus associados entre os 15 sindicatos nacionais e os 48 internacionais existentes. Antigamente, o sindicato só oferecia o serviço jurídico. Agora, na Casa do Atleta, temos um moderno centro de fisioterapia, uma academia bem equipada, oferecemos curso de informática e de inglês e treinamento específico para o atleta. Uma estrutura que a maioria dos clubes não tem”, relata o presidente, orgulhoso da sua obra.
  Ele só lamenta que ainda falte maior consciência de classe entre os jogadores profissionais. “Falta a consciência deles próprios do que a categoria representa, do peso que eles têm. Ainda está bem aquém, embora tenha evoluído em comparação do que era antes”, constata Sampaio, que diz ter um projeto para desenvolver essa conscientização sobre o real papel do sindicato e a importância de o atleta se sindicalizar. “Isto não acontece só com o jogador carioca, mas com o jogador brasileiro em geral, pela falta de cultura e esclarecimento. Temos um projeto de começar essa conscientização na base, ou seja, nos juniores”, adianta.
  Para o presidente do Saferj, a construção da Casa do Atleta, ainda que tenha sido uma das mais importantes conquistas da categoria, não supre completamente as carências do atleta em atividade e, menos ainda, no caso dos ex-jogadores. “Ainda faltam outras etapas a serem vencidas”, afirma Alfredo Sampaio, que agora acalenta o sonho de construir um centro de treinamento próprio – um CT do Saferj.
  “Muitos jogadores, quando estão sem contrato, ficam ao longo desse período sem se exercitar de forma correta, o que lhes traz um enorme prejuízo, já que, como atleta, ele deve estar sempre bem condicionado e preparado física e tecnicamente. A Academia Safit (que funciona na Casa do Atleta) proporciona toda atividade física e muscular que o atleta necessita, mas a parte técnica não, pois há o trabalho de campo com bola. Por isso, a diretoria do sindicato está se movimentando para conseguir um espaço onde se possa construir um campo de futebol para treinamento diário”, explica.

Fundo de pensão e Retiro dos Artistas da Bola
  Outra preocupação de Sampaio, talvez até maior, é com relação ao ex-atleta. “Há casos em que, em função do desemprego e por não se adaptar à sua nova realidade, o ex-jogador entra em depressão. Ou até, por má influência das ‘amizades’, cai no vício do alcoolismo e das drogas”, confirma o presidente do sindicato.
  E não são poucos os ex-jogadores que procuram o sindicato em busca de auxílio e orientação. Para esses, a entidade coloca à disposição toda a estrutura da Casa do Atleta, como a academia para exercitar o físico, além de oferecer cursos de qualificação e uma biblioteca, onde os associados podem fazer pesquisas e navegar pela internet.
  Mas Alfredo Sampaio sabe que isso ainda é muito pouco, diante da dimensão do problema. Assim, revela o presidente, o Saferj está em busca de recursos e parcerias para desenvolver outros projetos voltados para o atleta que já encerrou a carreira. Um deles é a criação de um fundo de pensão para a categoria:
  “Me preocupa o fato de que o atleta que encerra a carreira aos 30 e poucos anos só pode se aposentar pelo INSS com 35 anos de contribuição ou aos 65 anos de idade. E se, até lá, ele não puder arcar com valor da contribuição previdenciária mensal? Antigamente, a aposentadoria era proporcional ao tempo de contribuição, agora acabou. Tem que complementar com outro trabalho ou, então, pagar como autônomo. Estamos tentando criar o fundo de pensão, mas é preciso elaborar os mecanismos de arrecadação para isso acontecer, o que não é fácil”, diz Sampaio.
  Outro grande projeto em andamento é o Retiro dos Artistas da Bola. “Muitos dos nossos craques do passado encontram-se hoje em grandes dificuldades de sobrevivência, alguns, inclusive, não tendo um teto para morar. O sindicato não poderia fechar os olhos para essa realidade e, assim, idealizamos o Retiro dos Artistas da Bola. Nos moldes do Retiro dos Artistas, que abriga artistas de diversas áreas, o Saferj pretende ter também um espaço onde possamos acolher nossos ex-jogadores necessitados. O projeto já existe e o próximo passo é angariar recursos para construirmos esse espaço”, explana o presidente do Saferj, confiante no êxito dessas futuras empreitadas. “Em 1990, a Casa do Atleta era um sonho distante, mas com a sua realização o sindicato aumentou a credibilidade, principalmente junto à nossa própria categoria. Eles viram que o trabalho é sério e houve uma mudança de conceito”, afirma.
  E ninguém duvide, porque, para Alfredo Sampaio, impossível não existe.

Fotos: Saferj

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Fachada da Casa do Atleta
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O moderno centro de fisioterapia
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Sala de informática

Comentários

ALFREDO SAMPAIO
Alfredosampaio@terra.com.br

Quero parabenizar a todos do Esporte Agito, a matéria ficou muito boa e irá ajudar a divulgar o trabalho realizado no Saferj.
Muito grato e parabéns a todos.

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