A preguiça está matando o futebol brasileiro
Vendo ou revendo (para quem não viu, ao vivo) o show do grande Barcelona contra o Santos do Neymar e Ganso, pode-se perceber claramente a enorme distância que existe hoje em dia entre o melhor futebol praticado no mundo e o outrora decantado futebol brasileiro. Talento individual, tão-somente, não basta para construir um time vencedor se esses jogadores não se empenharem, com o mesma intensidade, os 90 minutos do jogo.
Os grandes times brasileiros, sem exceção, deveriam aprender essa lição com o Barcelona: formado por astros consagrados e milionários, nem por isso o time catalão se acomoda na partida, esteja o placar que estiver. Marcam em bloco e atacam com força e disposição enquanto a boa está rolando, nunca desistem do jogo para “segurar resultado” e, assim, se pouparem do desgaste.
Embora geniais, Messi, Xavi, Iniesta & Cia. são seres humanos iguais aos nossos jogadores. Do ponto de vista físico, portanto, com a mesma capacidade de manter um determinado ritmo de atividade de forma contínua durante os dois tempos de uma partida de futebol.
À parte a questão do talento, da habilidade e do esquema tático – que, no fim das contas, é o que decide a vitória – o que vejo na grande maioria dos times brasileiros, e que me incomoda muito mais do que as derrotas, é a preguiça que os nossos jogadores têm para fazer um “algo mais”, a tendência para acomodação e a pseudo “malandragem” de tirar o pé do acelerador quando o resultado lhes é favorável.
Essa preferência cultural pela “lei do menor esforço” está, a meu ver, matando o futebol brasileiro. O recém-encerrado campeonato brasileiro, considerado o “mais equilibrado” da era dos pontos corridos, somente o foi porque a preguiça reinante fabricou, na esmagadora maioria dos jogos, placares magros: vitórias por um ou dois gols de diferença. As goleadas foram raras. Os dois jogos mais emocionantes da competição – o Flamengo 5 x 4 Santos e o Fluminense 5 x 4 Grêmio – foram obras das circunstâncias, o primeiro pela motivação extra do duelo Neymar x Ronaldinho Gaúcho; o segundo pela necessidade do Fluminense conquistar a vitória para manter vivas as chances de título ou Libertadores.
Mas, no geral, os jogos aqui só ganham intensidade no momento em que um dos times abre o placar e, normalmente, arrefecem logo após o empate ou a mínima vantagem.
O Barça já iniciou o jogo acuando o time santista, partindo para cima e chegando na área adversária no primeiro ataque. O Santos, ao contrário, ficou assistindo, impassível e atônito, à perfeita troca de passes dos craques da equipe catalã sempre em alta velocidade. Foi triste ver o Ganso, nossa principal promessa para o meio campo da seleção em 2014, andando em campo, enquanto o super Messi, maior futebolista do planeta, se esforçava na marcação como se fosse um junior em busca de uma chance no time principal.
Eis aí a grande diferença do futebol que se pratica hoje no Brasil e nos grandes centros do mundo – em especial, na Espanha, Itália, Inglaterra e Alemanha. Enquanto lá, no Velho Continente, existe a consciência – que é, inclusive, cobrada pelas comissões técnicas, dirigentes de clubes e pelos próprios torcedores e imprensa especializada – de que o jogo é para ser jogado durante os 90 minutos e não apenas o tempo suficiente para garantir o resultado, por aqui os times jogam movidos pelo princípio da ação e reação. Quando em desvantagem, correm atrás do prejuízo. Se conseguem igualar ou inverter a vantagem, desaceleram. Se tentam por um período e não conseguem, desistem.
E roubam do torcedor e do espectador o prazer do espetáculo.
Comentários
MILTON MENEZES
miltondmenezes@gmail.com
Perfeita a sua análise. Acrescento apenas, que o Santos não tem um grande time, apenas alguns bons jogadores. Esse tal de Ganso não joga nada, é um jogador lento e sem vibração, que vive se abraçando ao Neymar, esse sim ótimo jogador, mas que ainda tem que aprender muito. O futebol é um esporte coletivo, que exige que todos se esforcem no sentido de um objetivo comum. A vitória. O futebol brasileiro iniciou sua decadência quando as chamadas “escolinhas de futebol" contratam como professores de futebol, preparadores físicos que nunca jogaram bola na vida, e, quando sabem alguma coisa, é tudo teórico e baseado na força física, e nunca no talento, na verdadeira arte do futebol brasileiro, o drible desconcertante, a improvisação, uma trivela, um voleio, um bate pronto, um "folha seca". Ah! Que saudade do verdadeiro futebol brasileiro, de um Rivelino, Dida, Zico, Leandro (lateral direito), Junior "capacete", Gerson, Tostão, Nelinho, Julio Cesar (Uri Gueler), Didi, Djalma Santos, Gilmar ( o maior goleiro de todos os tempos, na minha opinião). Com certeza estou esquecendo muita gente. Sem falar no maior de todos, o nosso PELÉ.
miltondmenezes@gmail.com
Perfeita a sua análise. Acrescento apenas, que o Santos não tem um grande time, apenas alguns bons jogadores. Esse tal de Ganso não joga nada, é um jogador lento e sem vibração, que vive se abraçando ao Neymar, esse sim ótimo jogador, mas que ainda tem que aprender muito. O futebol é um esporte coletivo, que exige que todos se esforcem no sentido de um objetivo comum. A vitória. O futebol brasileiro iniciou sua decadência quando as chamadas “escolinhas de futebol" contratam como professores de futebol, preparadores físicos que nunca jogaram bola na vida, e, quando sabem alguma coisa, é tudo teórico e baseado na força física, e nunca no talento, na verdadeira arte do futebol brasileiro, o drible desconcertante, a improvisação, uma trivela, um voleio, um bate pronto, um "folha seca". Ah! Que saudade do verdadeiro futebol brasileiro, de um Rivelino, Dida, Zico, Leandro (lateral direito), Junior "capacete", Gerson, Tostão, Nelinho, Julio Cesar (Uri Gueler), Didi, Djalma Santos, Gilmar ( o maior goleiro de todos os tempos, na minha opinião). Com certeza estou esquecendo muita gente. Sem falar no maior de todos, o nosso PELÉ.