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O jogo sujo e perigoso além das quatro linhas
Seminário em Brasília pede transparência e leis mais rigorosas 
para coibir a lavagem de dinheiro no futebol

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Foto: Marcello Casal Jr./ABr

Paixão nacional que movimenta milhões de dólares, o futebol brasileiro é uma caixa-preta administrada de forma pouco transparente e sem a devida fiscalização do Estado. A avaliação é dos participantes de um seminário realizado pelo Ministério da Justiça para discutir a lavagem de dinheiro na modalidade esportiva, que aconteceu em Brasília nos dias 7 e 8 de dezembro.
  Na opinião das autoridades e especialistas convidados, é necessário aprimorar a legislação, tornando mais rigorosa a fiscalização sobre os clubes a fim de impedir que organizações criminosas usem o futebol para regularizar dinheiro ilícito. Principalmente com a aproximação de grandes torneios mundiais, como a Copa do Mundo, que injetará ainda mais recursos – inclusive públicos – no setor.
  “Não dá para afirmar que existam irregularidades, mas há tempos se fala sobre a lavagem de dinheiro no futebol e há, sim, transações nem sempre bem explicadas que precisam ser verificadas”, disse à Agência Brasil o diretor do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça, Ricardo Andrade Saadi, citando como exemplo a negociação de atletas por cifras altíssimas tratadas de forma sigilosa e alguns casos de grandes investimentos em clubes, alguns deles pequenos e sem expressão. "Temos que discutir e esclarecer se há ou não algum crime e punir os eventuais responsáveis. E se for constatado que não há crimes, pelo menos a questão foi esclarecida. O que não pode é esta sensação de que o futebol é uma caixa-preta”, completou Saadi.
  No início dos anos 2000, duas comissões parlamentares de inquérito (CPIs) – a da Nike e a do Futebol – foram instauradas para apurar suspeitas envolvendo o contrato de patrocínio que a multinacional mantém com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), as relações dos clubes com patrocinadores, a contratação de jogadores, a arrecadação de impostos, a receita com jogos, entre outros temas. Além disso, denúncias envolvendo dirigentes, técnicos, jogadores e investidores jurídicos vêm sendo publicadas há anos sem que ninguém seja punido.
  O desembargador federal Fausto De Sanctis destacou a falta de transparência com que o futebol é tratado pelos dirigentes esportivos e a pouca percepção de que grupos criminosos possam estar associados à modalidade, “para o bem e para o mal, uma paixão que mobiliza multidões”.
  “O futebol é uma atividade na qual nós brasileiros nos reconhecemos e que deveria ser tratada como patrimônio cultural, mas que, no fundo, é um mistério. Há situações que são, no mínimo, duvidosas e pouco transparentes e, mesmo assim, não há, hoje, no país, uma fiscalização que possa ser considerada satisfatória”, disse De Sanctis, rebatendo o argumento de que os clubes e confederações de futebol gozam de autonomia e, por isso, não necessitam prestar contas.
  Para o jornalista Milton Leite, do canal Sportv, da Globosat, embora o futebol tenha evoluído como negócio, passando a movimentar muito dinheiro, continua sendo administrado amadoristicamente há décadas por cartolas. “Minha sensação é a de que a administração dos clubes evoluiu muito pouco e que falta aos jornalistas esportivos conhecimento para entender como estas negociações funcionam. Estamos mais preocupados com o 4-3-3 (esquema tático), quando o futebol virou uma atividade complexa”, disse Leite, lembrando que, no último ano, somente o Corinthians movimentou cerca de R$ 300 milhões. Em 2012, o clube pode vir a receber R$ 120 milhões só de verbas da televisão, fora patrocínios, bilheteria, ações de marketing e venda de jogadores. “É mais dinheiro que o orçamento de muitas cidades”, concluiu o jornalista.

Fiscalização frouxa atrai o crime organizado para o esporte
  A crise financeira europeia e o bom momento da nossa economia têm favorecido o futebol brasileiro. Embora endividados, os clubes do país oferecem salários cada vez maiores, não só para trazer de volta atletas que jogam no exterior, mas, também, para manter os novos talentos, como Neymar, que recusou propostas para se transferir para clubes europeus e decidiu permanecer no Santos. Este bom momento do futebol nacional, contudo, é um atrativo para organizações criminosas internacionais.
  O alerta é da consultora do Banco Mundial (Bird) Brigitta Maria Jacoba Slot. Uma das autoras do primeiro estudo a avaliar mundialmente o envolvimento do crime com o futebol, Brigitta garante que países emergentes como Brasil, Rússia e China estão na mira de quadrilhas internacionais que precisam legalizar o dinheiro obtido de forma ilegal.
  De acordo com Brigitta Slot, que é holandesa, a lógica é simples: quanto mais dinheiro circular no mundo do futebol, mais esse mercado despertará o interesse do crime organizado. “É necessário que o país combata o problema desde já, pois, mais tarde, será ainda mais difícil. O futebol segue o dinheiro, de forma que as mudanças na economia global levarão a mudanças também na destinação do dinheiro dessas organizações criminosas", disse ela em sua palestra no seminário, na capital federal.
  Segundo a consultora, o estudo dela, concluído em 2009, identificou que os mecanismos de regulação e fiscalização do futebol são frágeis e insuficientes em praticamente todo o mundo. Além disso, falta transparência na condução dos negócios futebolísticos, como contratação de atletas e investimentos feitos por dirigentes de clubes e federações.
  Como os demais palestrantes que participaram do seminário, Brigitta Slot classificou como “injustificáveis e insustentáveis” os altos salários pagos a jogadores e treinadores, além dos valores envolvidos nas transações entre clubes. “O futebol é intocável na maioria das sociedades. Às vezes, as pessoas se perguntam quem controla quem? São os governos que impõem regras aos clubes ou é o contrário?”, perguntou ela, provocando a plateia.
Fonte: Agência Brasil

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