A quem incomoda a popularização
dos esportes de luta?
Respeito todas as opiniões contrárias, mas não compartilho do senso daqueles que acham absurdo o gosto e a popularidade que desfrutam alguns esportes de luta – em especial o boxe e o MMA (mistura de artes marciais, atual nome do antigo vale tudo) – como se o encantamento por essas modalidades significasse uma “deformação de caráter”, um gosto mórbido pela violência ou, como já ouvi por diversas vezes, uma “volta aos tempos da barbárie”, “moderna arena romana” e expressões desse tipo.
Pseudo defensores do politicamente correto e outros, por ignorância (no bom sentido da palavra, ou seja, por falta de conhecimento específico), argumentam que o movimento de massificação de eventos de lutas contribui para formar cidadãos mais violentos. Calma lá!
Não é preciso entender de psicologia para deduzir que quem se influencia pelo desempenho de um atleta na sua prática esportiva, transpondo esse comportamento (repito, esportivo!) para sua vida cotidiana, este sim, tem uma grave deformação de caráter. E estes, felizmente, ainda são uma pequena minoria na nossa sociedade.
Há malucos que querem ser Schumacher e Ayrton Senna no trânsito da cidade e vêem a rua como pista. Alguém já se insurgiu contra o automobilismo? Torcedores brigam e até matam por rivalidades clubísticas no futebol – aliás, chamado nos primórdios de “violento esporte bretão”. Por acaso acusam o futebol de ser nocivo à juventude?
Temos que saber separar as coisas. Todo esporte, principalmente os de contato, implica em algum risco físico (e em alguns casos, até mental) para quem o pratica. O piloto de automóvel, o ciclista, o jogador de futebol e o lutador sabem que podem se contundir num treino, numa competição, ou sofrer as conseqüências no futuro. Mas é um risco calculado. Quem quer obter sucesso e realização pessoal no esporte não se furta ao perigo.
Assim como não nos tornamos menos humanos, cordiais e pacíficos – se assim somos, por natureza e condição – se assistimos, e até vibramos, com uma boa luta de boxe ou uma disputa de MMA. É preciso lembrar que nas competições de alto nível não são colocados frente a frente dois “galos de briga” (como já até compararam em referência aos eventos de MMA, como o Ultimate Fighting Championship – UFC) no octógono ou no ringue. Os galos, embora treinados e alimentados para a briga, não têm consciência do que estão fazendo. Os atletas, sim. Escolheram essa vida. Preparam-se com toda a tecnologia hoje disponível. São assessorados por especialistas renomados – médicos, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos. E são muito bem remunerados para darem as suas caras a bater.
Por sinal, o aspecto comercial é outra grande hipocrisia que caracteriza os detratores do boxe, do MMA, do muay thai e de outras modalidades menos cotadas. Ora, vivemos em um mundo capitalista, concordemos ou não ideologicamente com isso. Nada se faz hoje sem dinheiro – nem mesmo respirar, porque já há até um mercado, uma bolsa de valores para as emissões de gases poluentes na atmosfera (os chamados créditos de carbono).
Clubes de futebol andam permanentemente à caça de patrocínios para manter os salários, cada vez mais robustos, dos grandes ídolos e de técnicos famosos. As televisões faturam rios de dinheiro em publicidade com o esporte. Modalidades tradicionais, como vôlei, basquete e futsal vivem à míngua porque estão fora deste “circuito comercial”.
Se achamos “natural” o Ronaldinho Gaúcho, o Neymar e o Fred entrarem em campo com seus salários milionários e até cobramos deles mais empenho e boa performance para “justificar o que ganham”, por que acharíamos desumano, brutal e sem sentido ver o filipino Manny Pacquiao – considerado o melhor pugilista da atualidade – exercer o seu talento físico, ainda que com um certo (e calculado) risco, se ele está fazendo o que gosta, para o que se preparou e, ainda, sendo remunerado com a bagatela de US$ 20 milhões a US$ 30 milhões por luta? Ou o Anderson Silva “apagar” com um chute certeiro no queixo o adversário Vitor Belfort, se para o confronto o primeiro recebeu R$ 335 mil e o segundo, R$ 460 mil de bolsa?
Por isso não me sinto um troglodita sanguinário cercado de beócios que torcem pela desgraça alheia quando assisto e vibro com uma luta de boxe ou de MMA ou comento sobre ela com amigos. Isto porque não vejo na minha telinha dois coitados despreparados que foram jogados compulsoriamente ao sacrifício em nome dos interesses escusos de seus patrões ou donos. Vejo, sim, dois profissionais do esporte, talentosos, bem alimentados, fortes, ricos e livres executando o trabalho, ou arte, que escolheram para suas vidas.
Concluo reproduzindo uma declaração dada pela doce cantora Sandy, tida por muitos como uma espécie de “namoradinha do Brasil”, modelo de moça bem comportada, que em entrevista dada logo após a épica luta de Anderson Silva contra Vitor Belfort, disse: “Achei o máximo. Mas preferia que (a luta) fosse mais longa porque a gente quer ver o circo pegar fogo”.
Em tempo: Sandy é fã de lutas, pratica boxe e acompanha as lutas de MMA sempre que pode, inclusive comentando alguns eventos em sua página do Twitter. Deixa de ser gente boa por isso?.
Pseudo defensores do politicamente correto e outros, por ignorância (no bom sentido da palavra, ou seja, por falta de conhecimento específico), argumentam que o movimento de massificação de eventos de lutas contribui para formar cidadãos mais violentos. Calma lá!
Não é preciso entender de psicologia para deduzir que quem se influencia pelo desempenho de um atleta na sua prática esportiva, transpondo esse comportamento (repito, esportivo!) para sua vida cotidiana, este sim, tem uma grave deformação de caráter. E estes, felizmente, ainda são uma pequena minoria na nossa sociedade.
Há malucos que querem ser Schumacher e Ayrton Senna no trânsito da cidade e vêem a rua como pista. Alguém já se insurgiu contra o automobilismo? Torcedores brigam e até matam por rivalidades clubísticas no futebol – aliás, chamado nos primórdios de “violento esporte bretão”. Por acaso acusam o futebol de ser nocivo à juventude?
Temos que saber separar as coisas. Todo esporte, principalmente os de contato, implica em algum risco físico (e em alguns casos, até mental) para quem o pratica. O piloto de automóvel, o ciclista, o jogador de futebol e o lutador sabem que podem se contundir num treino, numa competição, ou sofrer as conseqüências no futuro. Mas é um risco calculado. Quem quer obter sucesso e realização pessoal no esporte não se furta ao perigo.
Assim como não nos tornamos menos humanos, cordiais e pacíficos – se assim somos, por natureza e condição – se assistimos, e até vibramos, com uma boa luta de boxe ou uma disputa de MMA. É preciso lembrar que nas competições de alto nível não são colocados frente a frente dois “galos de briga” (como já até compararam em referência aos eventos de MMA, como o Ultimate Fighting Championship – UFC) no octógono ou no ringue. Os galos, embora treinados e alimentados para a briga, não têm consciência do que estão fazendo. Os atletas, sim. Escolheram essa vida. Preparam-se com toda a tecnologia hoje disponível. São assessorados por especialistas renomados – médicos, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos. E são muito bem remunerados para darem as suas caras a bater.
Por sinal, o aspecto comercial é outra grande hipocrisia que caracteriza os detratores do boxe, do MMA, do muay thai e de outras modalidades menos cotadas. Ora, vivemos em um mundo capitalista, concordemos ou não ideologicamente com isso. Nada se faz hoje sem dinheiro – nem mesmo respirar, porque já há até um mercado, uma bolsa de valores para as emissões de gases poluentes na atmosfera (os chamados créditos de carbono).
Clubes de futebol andam permanentemente à caça de patrocínios para manter os salários, cada vez mais robustos, dos grandes ídolos e de técnicos famosos. As televisões faturam rios de dinheiro em publicidade com o esporte. Modalidades tradicionais, como vôlei, basquete e futsal vivem à míngua porque estão fora deste “circuito comercial”.
Se achamos “natural” o Ronaldinho Gaúcho, o Neymar e o Fred entrarem em campo com seus salários milionários e até cobramos deles mais empenho e boa performance para “justificar o que ganham”, por que acharíamos desumano, brutal e sem sentido ver o filipino Manny Pacquiao – considerado o melhor pugilista da atualidade – exercer o seu talento físico, ainda que com um certo (e calculado) risco, se ele está fazendo o que gosta, para o que se preparou e, ainda, sendo remunerado com a bagatela de US$ 20 milhões a US$ 30 milhões por luta? Ou o Anderson Silva “apagar” com um chute certeiro no queixo o adversário Vitor Belfort, se para o confronto o primeiro recebeu R$ 335 mil e o segundo, R$ 460 mil de bolsa?
Por isso não me sinto um troglodita sanguinário cercado de beócios que torcem pela desgraça alheia quando assisto e vibro com uma luta de boxe ou de MMA ou comento sobre ela com amigos. Isto porque não vejo na minha telinha dois coitados despreparados que foram jogados compulsoriamente ao sacrifício em nome dos interesses escusos de seus patrões ou donos. Vejo, sim, dois profissionais do esporte, talentosos, bem alimentados, fortes, ricos e livres executando o trabalho, ou arte, que escolheram para suas vidas.
Concluo reproduzindo uma declaração dada pela doce cantora Sandy, tida por muitos como uma espécie de “namoradinha do Brasil”, modelo de moça bem comportada, que em entrevista dada logo após a épica luta de Anderson Silva contra Vitor Belfort, disse: “Achei o máximo. Mas preferia que (a luta) fosse mais longa porque a gente quer ver o circo pegar fogo”.
Em tempo: Sandy é fã de lutas, pratica boxe e acompanha as lutas de MMA sempre que pode, inclusive comentando alguns eventos em sua página do Twitter. Deixa de ser gente boa por isso?.